Comunidade de Jurema: uma Expressão Cultural
II JORNADA DE PESQUISA CIENTIFICA DO GEMPC/CNPQ
Musecologia e historia cultural: intercâmbios possíveis / UFS
25 A27/04/2012
Comunidade de Jurema: uma Expressão Cultura
¹ Jose Almeida dos santos
²Msc. Elder dos Santos Lima
Resumo
O presente artigo traz uma síntese de uma pequena comunidade denominada jurema, localizada no município de Fátima, interior da Bahia, que se destaca por sua riqueza cultural bastante expressiva, onde seus atores e autores se dedicam a disseminação das diferentes manifestações culturais, embora não tenham apoio dos setores publico competentes, o que tem desnorteado-os.
Palavras chave: Expressão Cultural, Grupo Jovens Novas Esperança, Campeonato.
abstract
The present article gives an overview of a small community called Mimosa, located in the interior of Bahia, which stands out for its cultural richness quite expressive, where actors and writers are dedicated to the dissemination of various manifestations cultural, though not supported by competent public sectors, which has baffled them.
Keywords: Cultural Expression, Worship, Youth Group New Hope League.
1 Licenciando em Geografia - Universidade Federal de Sergipe (UFS) E-mail: j_.3000@hotmail.com
² Mestre em Geografia - Universidade Federal de Sergipe (UFS) Email: eldergeo@yahoo.com.br
Introdução
A comunidade de Jurema localiza-se no município de Fátima há 18 km da sede. Faz fronteira, ao leste, com as comunidades de Jurema de Adustina ao Norte, São Miguel ao leste com Farias ao Sul, Malhada de Areia e Serra Velha ao Poente.
A base econômica é agricultura e a pecuária, com ênfase na cultura do feijão e do milho, os pequenos produtores a principio praticam essa cultura com base na subsistência vendendo o excedente nas feiras livres das cidades vizinhas tais como: poço verde SE, Fátima e Adustina, ambas na Bahia.
Os aspectos culturais são acentuados, a comunidade se reúne para rezar na capela de nossa senhora Aparecida construída com recursos dos próprios fies, existem também manifestações do candomblé, espiritismo, evangélicos, rezar populares. O que fortalece a fé e a unidade deste povo, conforme expressa (BOUDOU, 2011):
Nas cidades, a construção de um monumento ou de um templo também visa à institucionalização do espaço. O que é erguido tem um significado para a sociedade local e comumente é visitado. Rituais podem ser praticados com certa periodicidade para rearmar significado e o elo existente entre a sociedade e o local.

Tradicionalmente no mês de Outubro a comunidade de Jurema celebra a festa de sua padroeira Nossa Senhora Aparecida. A devoção iniciada em 1991, pelo professor e animador da comunidade Jose Almeida, juntamente com outros animadores da comunidade, a exemplo de Joelma Batista, Cosme Oliveira, Cosmira Oliveira, Lindomar Reis, Gicélia Andrade, Maria Rosa (fundadores do grupo jovem nova esperança, que coordena as atividades) e incentivado pela professora e catequista senhora Teodora Alves, que naquele mesmo ano traz a pequena imagem da referida santa quando esteve em romaria na basílica de Aparecida em SP. E, do seminarista Celso José da Anunciação hoje padre. “O ritual de uma procissão religiosa, o percurso percorrido, é uma forma de reatar o elo através dos quais o espaço é instituído. A procissão, como rito religioso, pode ser encontrada em todos os povos e todas as religiões”. (BOUDOU, 2011, p 57)
Ainda sobre a temática podemos observa em trecho da música de Luiz Gonzaga, “A procissão” (1967) onde o autor expressa a fé do povo, a religiosidade manifestada por meio dos ritos e de suas festas católicas.
Olha lá vai passando a procissão
Se arrastando que nem cobra pelo chão
As pessoas que nela vão passando
Acreditam nas coisas lá do céu 
As mulheres cantando tiram versos
Os homens escutando tiram o chapéu
Eles vivem penando aqui na terra
Esperando o que Jesus prometeu
E Jesus prometeu vida melhor
Nada diferente do que ocorre especialmente no mês de outubro de cada ano onde nas comemorações de festas religiosas a procissão é o ponto alto da festa como um todo; a culminância da comemoração normalmente no dia doze, dias de Nossa Senhora Aparecida. Quando falamos de festas religiosas é a festa de padroeiro o principal acontecimento de uma Igreja, comunidade rural, Paróquia e Diocese. O ato e o sentido de festejar fazem parte da história desde os tempos imemoriais. Neste sentido Junior (2011), nos faz entender que essas manifestações é bem mais que fé, vai além desta dimensão, o autor descreve exatamente o sentimento do povo da comunidade de jurema no que concernem as atividades deste segmento, diz o autor:
A festa com seus ritos e símbolos, representa costumes e comportamentos herdados, reveladora da dimensão cultural de uma sociedade. Ela é preparada, custeada, planejada e montada segundo regras elaboradas no interior da vida cotidiana; envolve a participação coletiva da sociedade e articula-se em torno de um objeto focal: um ente real ou imaginário, um acontecimento, um anseio o uma satisfação coletiva, modificando a paisagem e o território do local onde acontece.
Até o ano de 2002 as novenas eram celebradas na capela do cemitério Cruz da Negra, naquele mesmo ano inicia a campanha pela construção de uma capela com espaço amplo e arejado num local onde ficassem pertos pra os fies, a campanha ganha forças e dois anos depois a nova capela é erguida nos terrenos doado pelo o senhor Manoel Martins numa localidade realmente estratégica.
As manifestações de culturais são bastante visíveis à comunidade excedia anualmente campeonato desportivo de futebol e de futsal, este ultimo com seis equipes local, (Mar Vermelho, Brisa Mar, Brisa do Amanha, Sol Nascente, Esperança e Fé e Boa Semente) nos mês de junho ou julho há quadrilha junina mirim, de adolescentes e adultos. É sabido que desde as cidades antigas os rituais e cultos religiosos eram os mais comuns, nestes aconteciam danças, cantos, procissões, banquetes, jogos, voltados aos deuses públicos.
O grupo de teatro Nova Esperança da comunidade de Jurema, Paróquia de Fátima que apresentou diversas peças teatrais inclusive a paixão de cristo em diversas comunidades e cidades da região, O teatro sempre teve grande aceitação popular e isso é comprovado pelas inúmeras iniciativas realizadas dentro da pastoral da paróquia. Encenações em dia de primeira comunhão, festas religiosas, festa do padroeiro e, acima de tudo, o Natal e a Paixão e Morte de Jesus Cristo. Estão envolvidos Grupos de Jovens, Catequese, Infância Missionária, enfim, toda a comunidade acaba participando de forma direta ou indireta com a preparação.
Com um solo tão fértil há sempre a possibilidade de transmitir a mensagem do Evangelho através do fascinante jogo da imaginação que uma peça pode proporcionar, pois o texto encenado é sempre provocador de reflexões e iniciativas. Porém, a improvisação muitas vezes não consegue suprir às necessidades reais da pastoral e às expectativas dos organizadores. Para isso é necessária uma formação. O que não acontece os autores e autores literalmente leigos ainda assim produzem e reproduzem textos, encenão com uma propriedade de quem fez cursos especiais deste ramo. Infelizmente, o grupo não estar mais em atividade por falta de incentivo por parte da secretaria de cultura do município.
O grupo que se mantinham com recursos próprios e sem cobrar nada pelas apresentações não tem recursos necessários para reformar o figurino que é bastante caros para a realidade dos atores, todos da zona rural e desempregados não há como bancar os gastos com figurinos e assessórios primordiais para o espetáculo visto por milhares de pessoas de toda região. Vivendo em comunidade pobre do interior esses jovens deixam suas localidades para tentar ganhar dinheiro para seu sustento e de seus familiares em outras regiões, segundo Francisco de oliveira (1977, p. 14). Esses jovens não se fantasiam, eles sabem que seu próprio campo é específico e limitado; não substitui os atores reais, mas soma-se a eles, na aventura da construção do seu futuro. “Os trabalhadores do campo, agora se fixando nas cidades, passam a ser assalariados” (MACHADO, 2009).
Fato é que a cultura reflete o modo de vida de uma sociedade, além de interferir em seu modo de pensar e agir, sendo fator de fortalecimento da identidade de um povo e indubitavelmente de desenvolvimento humano. Conforme afirma Christian Jean-Marie Boudou (2011).
A cultura de um povo é formada por vários elementos, como crenças, ideias, mitos, valores, danças, festas populares, alimentação, modo de se vestir, entre outros fatores. É uma característica muito importante de uma comunidade, pois a cultura é transmitida de geração em geração e demonstra aspectos locais de uma população. (BOUDOU, 2011)
Ainda sobre essa temática Barros (2007), diz que a “isso inclui tudo aquilo que é socialmente aprendido e transmitido, quanto ao processo de cultivo e desenvolvimento mental, subjetivo e espiritual, através de práticas e subjetividades específicas, comumente chamadas de manifestações artísticas”.
Os coordenadores e populares dizem que a região perde um dos mais belos espetáculos teatral já visto nas comunidades e lamenta que o poder público não valorize a cultura como de fato deveria, embora a constituição federal garanta;
“Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
§ 1.º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
§ 2.º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.”
Verifica-se que a constituinte mostra a preocupado em garantir a todos os cidadãos brasileiros o efetivo exercício dos direitos culturais, o acesso às fontes da cultura nacional e a liberdade das manifestações culturais. Toda via, esses direitos culturais sofrem diversas limitações em função de políticas públicas ineficazes ou inexistentes, bem como limitações decorrentes da legislação dos Direitos Autorais, esses também considerados como Direitos Culturais, que não é o caso.
O grupo não se acabou por completo, continuam montado pequenos espetáculos para a própria comunidade, precisa-se de incentivo para que a cultura e a arte se difundam em nosso município. Fátima é uma cidade com potencial em artistas dos mais diferentes ramos e seguimentos, desde atores e cantores até os tocadores de pífano. Foto corroborado nacionalmente pelo ator Marcelo Reis filho de nossa cidade, que atua em novelas na rede globo e na rede Record de televisão. Uma Outra cantora que andou revelando o nosso município foi Claudia Valeria no programa de Raul Gil na época na Band, e tantos outro nomes da literatura de cordel compositor, escritor etc.
Quando fez o primeiro teste para Caminhos do Coração, da Record, Marcelo Reis chegou a ficar triste por não ter sido escolhido. Na época, o atual intérprete do vampiro Bram continuou fazendo suas participações praticamente fixas no humorístico Zorra Total, da Globo, sem pensar mais no assunto..Mas quando Tiago Santiago começou a escrever Os Mutantes - Caminhos do Coração, o diretor Alexandre Avancini viu novamente o teste do rapaz e logo pensou em Marcelo para integrar a "gangue sanguinária" da trama.."Inicialmente eu gravaria apenas duas semanas, mas a dupla com o Mário Frias deu certo e só sobraram os nossos personagens no grupo", comemora Marcelo, que nasceu em Fátima, cidade do interior da Bahia. (TERRA, 2009)
A comunidade conta com organizações sociais a ACNSA Associação Comunitária Nossa Senhora Aparecida, que segundo seu estatuto tem por objetivo manter a união e organização de moradores, da comunidade, promover a solidariedade entre os moradores; ser um espaço comunitário do povo na base, para trabalhar juntos e unidos por melhores condições de vida; ser uma das ferramentas do povo organizado que toma consciência de sua dignidade como ser humano; ser aquela que organiza as lutas e mobiliza os moradores para enfrentar os problemas concretos que surgem da necessidade do nosso dia-a-dia; A associação de moradores é o espaço privilegiado que faz crescer a consciência de todos nós, que desejamos construir uma sociedade igualitária e justa, onde se possa realmente exercer a cidadania.
O grupo de doadores permanentes ou Dízmista que mantém as obras e manutenção da capela local, as coordenações comunitárias ligadas à igreja católica que fazem campanhas temáticas pensam, viabilizam e juntos com a comunidade executam as mais diferentes atividades comunitárias, exemplo de força unitária, grupo jovem nova esperança, catequese, crismando, equipe de limpeza, equipe de animação, entre outros. Normalmente esses grupos promovem encontros periódicos, necessários para a escolha das atividades a serem executadas. Quando houver necessidade de mais participantes, convidam outras pessoas mais próximas. Também buscam criar uma fraternidade entre os membros.
Não diferente de todas as comunidades do Brasil, essa também precisa de execução de obras púbicas para melhorar a qualidade de vida de sua população como creches comunitárias, estradas, posto do PSF, construção de ginásio poliesportivo, construção de casas populares, incentivos as associações de desenvolvimento cultural e comunitário, apoio as manifestações artística, entre outras primazias.
Atualmente, a comunidade esta promovendo mais uma campanha temática a qual desta feita contam com a colaboração dos cristãos praticantes e generoso daquela comunidade para doar o maior numera possível de postes de madeira para cercar o espaço em torno da capela onde o terreno foi comprado para ampliação do espaço (praça). Tudo isso mostra que a comunidade tem no seu jeito de ser a cultura da partilha, do compromisso com o desenvolvimento local sem esperar muito dos poderes publico.
Considerações finais
Conclue-se que a referida comunidade passou por diferentes etapas, por momentos fortes, de atividades culturais, de acordo com suas possibilidades e que também sofre uma decadência neste aspecto. Embora seus membros não desistem facilmente o que é possível compreende que o que facilita o processo de construção de uma sociedade igualitária e justa, onde se possa realmente exercer a cidadania é a unidade do povo, levando em consideração os aspectos afetivos, sócio cultural, o que contribui no fazer da ação comunitária.
Referências
BOUDOU, Christian Jean-Marie - Copyright © 2011 Universidades Federal de Sergipe / Geografia e turismo - CESAD.
https://redetvrecord.blogspot.com/2009/01/marcelo-reis-festeja-sucesso-do-vampiro.html - acessado em 01/02/2012 às 11h15min
MACHADO, Anselmo Belém - Copyright © 2009. Universidade Federal de Sergipe / Geografia Urbana - CESAD.
https://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/CON1988_05.10.1988/index.shtm em 01/02/2012 às 11h15min
OLIVEIRA, Francisco de. Elegia para uma re (li)gião: SUDENE, Nordeste. Planejamento e conflito de classes. 3ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1981. 132 p. (Estudos sobre o Nordeste, v. 1)
JUNIOR, Belizário Corrêa de Souza. Seguindo a procissão: a paisagem e o território das festas religiosas no estado de Sergipe. XI Congresso luso afro brasileiro de ciências sociais diversidade e (dês) igualdades-salvadoras, 07-10 de agosto de 2011-universidade federal da Bahia (UFBA)- PAF I e II.
https://www.vagalume.com.br/luiz-gonzaga/procissao.html#ixzz1rvhNwomU - acessado em 01/02/2012 às 11h15min
BARROS, José Márcio. “Diversidade Cultural e Desenvolvimento Humano – Curso de Gestão e Desenvolvimento Cultural Pensar e Agir com Cultura, Cultura e Desenvolvimento Local 2007”.
COLOCAÇÃO DO SINO DA IGREJA LOCAL, DOAÇÃO DA COMUNIDEDADE E DO SENHOR JOSE ALIPIO, (2010)
A IGREJA NA SUA ATUAL COMFIGURAÇÃO, (2012)
Vista frontal da capela (2012) fonte; arquivo do autor
Autar central da capela de nossa senhora Aparecida,(2012) fonte arquivo do autor.
DOMINGOS ALMEIDA, AGRICULTOR DA COMUNIDADE, 76 ANOS (2012). TIPICO SERTANEJO.
VEGETAÇÃO DA COMUNIDADE, VISTA DAS ESTRAS DE ACESSO AS MORADIAS DISPERSAS.
Disfile de sete de Setembro organizado pelo grupo de professores primario (1993) fonte arquivo do autor.